Lágrima
Uma lágrima escorre fria sobre o rosto de alguém... Devagar... Caí sobre uma folha, mancha palavras e destrói sonhos... Os olhos enchem-se de outras iguais a ela, tão igualmente frias e tão dolorosamente límpidas como a primeira... Uma por uma vão destruindo pequenas esperanças e, com toda a sua fúria originam os mais terríveis pesadelos. É neste momento que os olhos mostram todo o seu desespero e a vulnerabilidade da alma é então posta em jogo... Vê-se tudo... Os sonhos, os pensamentos, a dor...
O medo.
Agora, o corpo revolta-se e as lágrimas continuam a escorrer, desta vez, empurrando-se uma a uma, entrando por fim em força numa batalha mortífera contra nós...
Limpá-las ou deixá-las escorrer é completamente indiferente... Conseguimos senti-las na mesma. Não precisam de nos tocar. Não precisam de nos molhar o rosto com a sua subtileza assustadora, pura e frágil que nos vai destruindo lentamente. Não sabemos o que fazer, é um acto demasiado emotivo, vulnerável e arrasador, para nos entregarmos a ele, mas demasiado forte para tentarmos sequer ripostar... É terrivelmente humilhante ao mesmo tempo toma uma amplitude quase que celestial, magicamente triste e mortífero...
O corpo desiste, e lança de diversas maneiras o tal do lencinho branco, pedindo a si próprio misericórdia. Nunca nos é dada. As lágrimas continuam a escorrer... Agora animadas de uma rapidez impressionante, escorrem como se fugissem de um campo de batalha na cidade inimiga, mas antes saqueam destroem todos os seus bens mais preciosos.
O corpo cansado eleva, finalmente as mãos ao rosto e limpa como se se tratasse de mera sujidade todo o fruto da sua tristeza. A raiva toma conta de nós e essa sim, é mais forte que as lágrimas, mas é efémera e a tristeza prevalece. Os olhos revoltados lutam contra a natureza dos sentidos e travam o choro de maneira curta e rápida. A respiração acelerada e ofegante que antes tomava conta dos nossos pulmões é agora atenuada e o olhar segue-a como se se tratasse de uma dança rítmica e assustadoramente coordenada. Torna-se vazio e foca um pequeno ponto. Um ponto qualquer, pode nem ter significado. Perde-se nele. O corpo, como não podia deixar de ser junta-se a maravilhosa dança da preciosa calma e, com todo o seu encanto toma uma amplitude tão magicamente serena que merece contemplação...
Vai começar a sua tão conhecida prova de esforço. Começamos a construir sem saber a única coisa que nos irá tirar da dor. A única coisa que nos pode ajudar...
Força.
Não sei como o fazemos, nem me arrisco a descrever. Creio que ninguém o sabe. O facto aqui é que conseguimos criá-la... Gradualmente... Devagarinho... E, quando finalmente está pronta a ser utilizada o nosso corpo avisa com um sintoma da sua chegada...
Coragem.
Agora é que tudo muda. Os nossos olhos fazem uma coisa fantástica. Param de fixar aquele insignificante ponto e começam a procurar a felicidade através dele.
Carolina Pontes Gramacho Vieira
20-11-2009
Carolina!! Escreves como alguém do Clube dos Poetas Mortos!! Ahahahhh!! Adr.te!! Bjs**
ResponderEliminarta mt mt mt bom es uma grande escritora... mtmtmt bom
ResponderEliminarAhahahaha - Gostei Rita xD
ResponderEliminarQuando ela me leu isto ao som do Chopin, ia-me dando qualquer coisa xD
Escreves como ninguem *.* - Orgulho
Este é o meu favorito...faz-me chorar sempre que o leio...XD
ResponderEliminarSegue o teu sonho...
Nao basta ter talento, mas tu tens o que é preciso!!
Rita