sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ser ou não ser...


"Ser ou não ser. Eis a questão: é mais nobre sofrer na alma as pedradas e flechadas de um destino ultrajante ou pegar em armas contra um mar de problemas e enfrentando todos, acabar com eles?" - Hamlet, William Shakespeare. Começo por falar desta célebre frase - para ser original - na verdade eu nunca me debati sobre estes temas, e nem estou habituada a fazer coisas deste género, mas vou tentar dar o meu melhor.

Bem, eu costumava pensar que tudo no mundo tinha solução. Eu, desse por onde desse, ou hoje ou amanhã, acabaria por descobrir a chave para o meu problema. Para ser sincera, sempre me julguei forte, capaz, corajosa e inteligente o suficiente para lidar com a minha vida e, nunca liguei - quer dizer, depende dos casos e de quem dissesse...- a comentários que pusessem essas minhas capacidades em questão. Aprendi que, supostamente era mais nobre ser "superior" a todas essas agressões. Ser "superior" a tudo aquilo que tem como objectivo deitar-me a baixo e, na verdade eu sempre fui - tudo coisas ensinadas pelos meus pais que não têm duvidas em relação a qual será a questão mais nobre, pelo menos no que toca à minha vida. Era sempre a menina a dar a tal da "chapada de luva branca", a ensinar o politicamente correcto e a sair vitoriosa aos olhos dos outros.

Apesar de tudo isto há algo que me têm tirado o sono regularmente... Parece que todas estas questões, ultimamente não fazem sentido na minha cabeça - será que só agora é que me deparei, pela primeira vez em catorze anos de vida com a minha "adorada" vulnerabilidade?- sim, porque na verdade eu não tenho de ser nem sou superior a alguém e, não controlo nem nunca controlarei tudo, é humanamente impossível - e, eu sou completamente e estupidamente humana, tão humana que até me revolto. Então para quê estas mariquíces todas? Só se for para inglês ver... Eu não tenho de ensinar ninguém, porque sou tão estúpida como todos os outros e não tenho nada de especial para mostrar - e descobri isto tudo em cinco minutos, estou, de facto, orgulhosa de mim própria.

Como já se deve ter apercebido sou contra a parte do não ser... Do sofrer em silêncio, mas agora que penso bem, também não sou totalmente de acordo com o ser à força toda... É preciso ter uma grande lata! - é necessário numerar que eu considero que a minha pior inimiga sempre fui e sempre serei eu própria- Então se eu nem consigo ganhar uma batalha contra mim, por mais lutas que trave, porquê que hei de estar que nem uma maluca a criar batalhas com os outros? É que eu nem a minha própria batalha consigo vencer! Mas também espero nem tentar, pois coração contra cérebro nunca dá boa coisa e, se o fizer muitas vezes acabo por me auto-destruir e aí, não fica osso sobre osso, nem ideia sobre ideia e o pobrezinho do Shakespear fica com menos uma pessoa para descobrir a resposta para a sua questão. Então qual é o objectivo de lutar se o nosso maior inimigo fica sempre na maior? Perdemos sempre. Sempre. Nunca ganhamos. Para ganhar é preciso no mínimo duas pessoas diferentes, porque se lutarmos contra nós mesmos existe sempre uma parte que não tem a certeza da decisão que foi tomada.

Bem, já estou farta de escrever e ainda não cheguei a lado nenhum... "Ser ou não ser. Eis a questão:..."

Mesmo assim vou arriscar uma resposta, ou talvez um ideal de vida para mim própria, vou seguir o coração - o que quer dizer em termos científicos o mais puro do meu instinto animal - porém só para evitar batalhas em vão dentro do meu corpo, sim, porque senão o coitado do cérebro fica enferrujado e ainda vou parar a prisão.

Termino então este debate - sem resposta porque escolhi uma opção diferente das dadas pelo épico autor - dizendo que se o William sabia a resposta e se deixou morrer sem a partilhar com os comuns dos mortais, devia ser sádico ou masoquista - quem é que inventa uma coisa destas que nos tira o sono e morre sem dizer a resposta? É preciso ser-se cruel!


Carolina Pontes Gramacho Vieira


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