quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Sentindo tão intensamente tudo o que me rodeia
fechei-me na minha própria história.
Acabei presa na minha cadeia
Trancada na minha memória.
Pensando bem nenhuma diferença fará
Pois vivendo num sonho de eterna paixão
Mais uma lágrima só dará
Ainda mais asas ao fruto da minha vocação
Não sei como prefiro viver
Será melhor enfrentar a realidade?
Entregar-me à vida e deixar-me sofrer...
Ou deverei soltar-me na minha imaginação?
Onde a verdade e a razão
Simplesmente não cabem no meu coração
Nem existem sequer os motivos para fazê-las caber
Para quê lutar arranjando saída da memória
Se o mundo não merece o sangue
Que a verdade derramou na história
E, no entanto por ele nada mudou.
Se o gatilho se soltar
E a realidade voltar a atacar
Apenas morrerá outro alguém que nunca pecou
Ele não será mais que o fruto da saudade
De alguém que terno sonho idealizou
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
O defeito das Palavras....
Penso... E não é agradável... Sinto que estou a curtir uma maldição ou a me exaltar num estado-espírito deprimente... Penso... Em tudo o que aconteceu... Momento por momento, como se ouvisse a minha própria história pela primeira vez... Como se o meu cérebro rebobinasse toda a minha vida e assistisse a ela impávido e sereno, como se gostasse de ser dominado por ela... Como se lhe desse alguma espécie de prazer inverter os papéis e desejasse abdicar do seu papel de narrador para ser apenas mais uma personagem nas mãos do destino... Penso... Em tudo o que já me disseste... Pequenas grandes coisas às quais nunca dei muita importância... Penso e percebo que fui uma estúpida. Neste momento dava tudo para te ouvir dizer tudo o que antes me disseste. Frase por frase... Palavra por palavra...
Palavras... Talvez sejam a minha maior virtude... Penso que consigo fazer o que quero com elas, trato-as como se fossem o meu pequeno jogo pessoal, o que é bastante divertido, pois ninguém as joga da mesma maneira que eu... Sinto-me forte quando as uno e as envergonho, utilizando-as como bem me apetece. É um jogo que para mim tem vitória garantida. E, só hoje é que me apercebi que as palavras são mais complicadas do que parecem, são falsas... Mentem... Ingenuamente, dei-lhes tanta importância que acabaram por controlar a minha vida e destruí-la. Fiz tanta porcaria utilizando as minhas queridas inocentes palavras... Parabéns... Apanharam-me. As palavras que utilizei sem sentido foram tão fortes e disse-las com tanta convicção que, agora as minhas próprias palavras não são fortes o suficiente para limpar toda a porcaria que fiz. Deixei-me levar por mim própria e caí nas piores armadilhas do Mundo, as minhas. Palavras... Suas cabras... Quem são vocês afinal? É incrível como coisas tão simples de utilizar me puseram com tamanha facilidade entre a espada e a parede. Odeio-vos. Reles parasitas que me comem por dentro...
Palavras... Conseguem preencher infinitas vidas... E dizendo-o com alguma raiva e tristeza... A minha vida nem preenche uma palavra.
Carolina Pontes Gramacho Vieira
00:08 - 24.11.09
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Momento
Quando os olhos se cruzam e as palavras se tocam, a união vai-se sentindo. Minuto a minuto os erros vão se esquecendo e a dor é adormecida... Existe então o momento, o momento em que nem pensamos no que aconteceu ou no que acontecerá... Momento em que nos perdemos em nós próprios e nos encontramos noutra pessoa. É então que a paixão fala por nós, o coração toma conta da boca... O cérebro é apenas um mero escravo que é obrigado a movimentar o corpo tal como o coração lhe ordena. Apesar de perdidos de todo o nosso controlo, naquele momento pensamos que nunca estivemos tão orientados na nossa vida... E logo a seguir o momento acaba. E a fantasia caí num abismo de sentimentos e dúvidas. É então que o nosso cérebro revê vezes sem conta aquele momento e pensa no que aconteceu antes e no que poderá acontecer agora e, como o cérebro não prevê apenas revê os acontecimentos, a nossa tendência é para cairmos no pessimismo e esse momento é rodeado a vermelho no nosso cérebro e espetado como uma estaca envenenada no nosso coração que, se corrói como ferro em água fria. Quando a nossa alma é finalmente consumida, o nosso corpo chora... Mas não chora para ultrapassar aquele momento. Chora para que tudo aconteça de novo...
Carolina Pontes Gramacho Vieira
Carolina Vieira
Ser ou não ser...
"Ser ou não ser. Eis a questão: é mais nobre sofrer na alma as pedradas e flechadas de um destino ultrajante ou pegar em armas contra um mar de problemas e enfrentando todos, acabar com eles?" - Hamlet, William Shakespeare. Começo por falar desta célebre frase - para ser original - na verdade eu nunca me debati sobre estes temas, e nem estou habituada a fazer coisas deste género, mas vou tentar dar o meu melhor.
Bem, eu costumava pensar que tudo no mundo tinha solução. Eu, desse por onde desse, ou hoje ou amanhã, acabaria por descobrir a chave para o meu problema. Para ser sincera, sempre me julguei forte, capaz, corajosa e inteligente o suficiente para lidar com a minha vida e, nunca liguei - quer dizer, depende dos casos e de quem dissesse...- a comentários que pusessem essas minhas capacidades em questão. Aprendi que, supostamente era mais nobre ser "superior" a todas essas agressões. Ser "superior" a tudo aquilo que tem como objectivo deitar-me a baixo e, na verdade eu sempre fui - tudo coisas ensinadas pelos meus pais que não têm duvidas em relação a qual será a questão mais nobre, pelo menos no que toca à minha vida. Era sempre a menina a dar a tal da "chapada de luva branca", a ensinar o politicamente correcto e a sair vitoriosa aos olhos dos outros.
Apesar de tudo isto há algo que me têm tirado o sono regularmente... Parece que todas estas questões, ultimamente não fazem sentido na minha cabeça - será que só agora é que me deparei, pela primeira vez em catorze anos de vida com a minha "adorada" vulnerabilidade?- sim, porque na verdade eu não tenho de ser nem sou superior a alguém e, não controlo nem nunca controlarei tudo, é humanamente impossível - e, eu sou completamente e estupidamente humana, tão humana que até me revolto. Então para quê estas mariquíces todas? Só se for para inglês ver... Eu não tenho de ensinar ninguém, porque sou tão estúpida como todos os outros e não tenho nada de especial para mostrar - e descobri isto tudo em cinco minutos, estou, de facto, orgulhosa de mim própria.
Como já se deve ter apercebido sou contra a parte do não ser... Do sofrer em silêncio, mas agora que penso bem, também não sou totalmente de acordo com o ser à força toda... É preciso ter uma grande lata! - é necessário numerar que eu considero que a minha pior inimiga sempre fui e sempre serei eu própria- Então se eu nem consigo ganhar uma batalha contra mim, por mais lutas que trave, porquê que hei de estar que nem uma maluca a criar batalhas com os outros? É que eu nem a minha própria batalha consigo vencer! Mas também espero nem tentar, pois coração contra cérebro nunca dá boa coisa e, se o fizer muitas vezes acabo por me auto-destruir e aí, não fica osso sobre osso, nem ideia sobre ideia e o pobrezinho do Shakespear fica com menos uma pessoa para descobrir a resposta para a sua questão. Então qual é o objectivo de lutar se o nosso maior inimigo fica sempre na maior? Perdemos sempre. Sempre. Nunca ganhamos. Para ganhar é preciso no mínimo duas pessoas diferentes, porque se lutarmos contra nós mesmos existe sempre uma parte que não tem a certeza da decisão que foi tomada.
Bem, já estou farta de escrever e ainda não cheguei a lado nenhum... "Ser ou não ser. Eis a questão:..."
Mesmo assim vou arriscar uma resposta, ou talvez um ideal de vida para mim própria, vou seguir o coração - o que quer dizer em termos científicos o mais puro do meu instinto animal - porém só para evitar batalhas em vão dentro do meu corpo, sim, porque senão o coitado do cérebro fica enferrujado e ainda vou parar a prisão.
Termino então este debate - sem resposta porque escolhi uma opção diferente das dadas pelo épico autor - dizendo que se o William sabia a resposta e se deixou morrer sem a partilhar com os comuns dos mortais, devia ser sádico ou masoquista - quem é que inventa uma coisa destas que nos tira o sono e morre sem dizer a resposta? É preciso ser-se cruel!
Carolina Pontes Gramacho Vieira