quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Promessas não cumpridas e Preces nunca ouvidas

Prometi que minha boca iria celar,
Se dela saíssem palavras sem rimar...
Desde o momento em que em casa entrar,
Até à porta se fechar e eu, as escadas descer.
Só aí poderei falar e deixarei de ser cifra para alguém que não sabe ler.
Ou ouvir a leitura...
Soltar-se na música de cada palavra,
Ouvindo a amargura de cada frase,
Fechando-se na cadeia aberta
E encontrando-se na primeira vírgula, que a mente desperta.
Soltar a língua e descontrolar emoções.
Permitir-se à entrada na demência.
Ignorar orações de falsa penitência
E sorrir a nobres saudações

Sei que nunca cumprirei tal promessa...
Não por mim, mas pelos decifradores
Que, para que eu me despeça
Me cobrirão o corpo de flores...
Não tento imaginar o tédio no qual se iria tornar
A vida de minha mãe tão adorada
Que, assim que me visse calada
Junto à porta já estava ajoelhada
Ou num cantinho aquém...
Rezando à Virgem, proclamando:
Ámãe, Ámãe!
Graças aos Céus que jovem boca se fechou!
Mas que maldição Deus lhe pregou
A insanidade lhe reza toda a sua demanda...

E quando amigos me chamarem à varanda
E eu lhes permitir a entrada
Assim que tentar cumprir tão louca demanda
Dirão: A la mierda camarada!

Carolina Gramacho
07.01.2010
23:00h

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Acordo feliz.
Reside dentro de mim a ilusão esperançosa
De que tudo aquilo que fiz
Sejam apenas sonhos da noite traduzidos na doce prosa
De quem corre para os contar
Assim me engana a vida
Logo ao acordar...